Precisamos falar sobre:

Pessoas trans e o mercado de trabalho

Uma iniciativa Meiuca Org para fomentar o diálogo sobre assuntos urgentes da nossa sociedade

Edição #2

No Brasil, o emprego formal ainda é exceção entre as pessoas transgêneras e travestis. Segundo levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% da população transexual e travesti tem a prostituição como fonte de renda e alternativa de sobrevivência. Vítimas da incompreensão familiar, muitas são rejeitadas ou expulsas de casa ainda muito jovens. Com essa triste realidade, essas pessoas recorrem à informalidade e a subempregos como única opção de subsistir, o que lhes retira também do lugar da educação e abre uma sequência de exclusões e reflexos diretos nas possibilidades de qualificação e empregabilidade. O despreparo da tradicional educação brasileira em trabalhar a diversidade e inclusão faz com que muitas pessoas transgêneras e travestis abandonem as salas de aula; a soma da baixa escolaridade com os preconceitos sociais se transforma em obstáculos para a qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho. Uma das formas de garantir a igualdade são as ações de políticas públicas que têm por objetivo combater discriminações, aumentar a participação das minorias nos processos políticos e criar iniciativas que promovam a cultura do acolhimento e o fim da invisibilidade, para que as pessoas transgêneras e travestis possam ter acesso a todos os espaços e trabalhos na qual se sintam qualificadas. Precisamos destacar a importância das últimas eleições municipais de 2020 com um grande número de candidaturas de pessoas transgêneras e travestis (294 candidaturas e 30 vereadoras eleitas). Isso demonstra um avanço que a sociedade reivindica para que a população transgênera tenha mais representatividade e normatização dos seus direitos. Já se perguntou quantas pessoas transgêneras e travestis você conhece? E se conhece, onde elas estão?

90%

das pessoas trans e travestis trabalham com a prostituição como única fonte de renda

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72%

não possuem ensino médio completo

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35

anos é a expectativa de vida de pessoas transgêneras. Menor que a metade do resto da população brasileira

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lugar. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis. 2020 foi o ano com maior índice de violência.

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O presidente Jair Bolsonaro, junto a outras camadas da sociedade, tem trazido a pauta do “perigo trans” para a população brasileira. Se apoiando na religião e no medo, se elegeu ao dizer que a “esquerda” queria desmoralizar o país, acabar com a família e “mudar o sexo” de criancinhas. Ataca a existência de pessoas trans, diminui ainda mais as políticas públicas para a população LGBT, tenta apagar toda e qualquer forma de diálogo social sobre gênero e acentua o ódio social à uma das camadas mais marginalizadas da sociedade.
“Não saber quantas somos, por exemplo, não termos dado populacional sobre a população LGBTI mostra que o Estado não se interessa em traçar esse perfil, justamente para não reconhecer quais as especificidades. Quando a subnotificação se torna uma política, o Estado não tem que investir verba e legislação contra a transfobia”, explica a ativista Bruna Benevides.
Pessoas trans são diminuídas e consideradas doentes ainda por uma parcela da sociedade, mesmo que esse tipo de pensamento esteja ultrapassado na ciência, na medicina e na lei. Por esse motivo, quando são vistas em outros espaços fora da prostituição, geralmente são diminuídas ou subestimadas. 'Temos uma luta muito grande para vencer essa ideia de que as pessoas trans não têm competências ou hard skills. As empresas acham que vão ter que mudar a régua da empregabilidade, e muito pelo contrário. Várias ficam surpresas quando eu consigo uma pessoa trans para uma posição de liderança', afirma Maitê Schneider, fundadora do TransEmpregos.
Dados do Instituto Center for Talent Innovation mostram que 61% dos membros da comunidade LGBT precisam esconder sua identidade de gênero ou sua sexualidade no trabalho. “O que acontece em algumas empresas é que até há o movimento de diversidade, mas não o da inclusão(…) É de extrema importância que, se uma empresa se dispõe a contratar pessoas trans, faça um trabalho prévio de conscientização/sensibilização com todos os seus colaboradores, explicando sobre vieses inconscientes, pontuando o que já é proibido por lei, mas, acima de tudo, passando uma mensagem de respeito ao próximo”, afirma Renan Bastiela, especialista em treinamento do comitê da diversidade do Vagas.com.
O STF (Supremo Tribunal Federal) trouxe duas vitórias para as pessoas trans e LGBT. A primeira em 2018 quando permitiu que pessoas trans mudem seu nome e gênero civil sem a necessidade de passar por extensos processos judiciais. A segunda quando equiparou os crimes de homofobia e transfobia ao crime de racismo.

Precisamos falar sobre

O 'Precisamos falar sobre' é uma das formas que encontramos para gerar a conscientização e exploração de causas aqui na Meiuca. Mensalmente debatemos uma temática escolhida pelo nosso time, tentamos nos aprofundar nesse assunto durante este período e no final abrimos uma grande roda de conversa para estimular a reflexão coletiva. Convidamos pessoas especialistas nessa causa e pessoas entusiastas pelo tema para contribuir também!

veja como foi

Pessoas convidadas para falar sobre o assunto

  • Cléo Almeida

    Mulher trans formada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, e pós-graduada em Design Instrucional.

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  • Vitória Faria

    Travesti desenvolvedora e consultora de software, entusiasta de robôs gigantes e jogos de mesa.

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  • Isabella Barbosa

    Negra, filha de baianos e nascida na periferia de São Paulo. Enfrentou muitas barreiras para ser a mulher que é hoje. Formou-se em Design Digital e a quase 5 anos trabalha na área de UX.

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Quem faz o encontro acontecer

  • Sol Lima

    Embaixadora Meiuca

    Designer negra que acredita no poder do design para criar oportunidades de transformação. Hoje atua como Design Ops Specialist na Meiuca.

    linkedininstagram
  • liana alice

    Embaixadora Meiuca

    Mulher, trans, atriz, escritora, quimera, filósofa de cafés e desenvolvedora frontend. Não necessariamente nessa ordem.

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  • Lana Flowers

    Ilustradora

    Mulher trans ilustradora, quadrinista busca levar informações sobre e para a população LGBT.

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  • Evellyn Záfferah

    Intérprete de libras

    Mulher trans, tradutora intérprete de Libras há 20 anos. ativista e militante LGBTQIA+ e pelos Direitos Humanos; Assessora de Pessoas com Deficiência; Acessibilidade e Inclusão.

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Para saber mais

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    Jonas Maria - canal youtube

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    Trans Preta

Quem fala sobre o assunto?

Dani Balbi

Symmy Larrat

Gabriela Augusto

Maite Schneider

Referências utilizadas na construção dessa página

Antra - Associação Nacional de Travestis e Transexuais

TransEmpregos

Transcendemos

TransCidadania

Conversa com Bruna Benevides

Dissertação: Travestis envelhecem?

30 candidatas trans eleitas vereadoras em 2020!

Ações que algumas empresas realizam para buscar incluir pessoas transgêneras.

Já falamos sobre

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